BOA NOITE
Viajarei para a terra dos sonhos. Lá os ruídos da noite não entram. Somente gnomos me farão companhia. A terra de ninguém é palco do sono e vagarei por esse caminho. Aportarei na esquina da ausência, sem cansaço que sobre, sem desejo que reste. Na madrugada alta, uma estrela vestindo diáfano manto azul de luz dançará uma valsa poeta e solitária, até o amanhecer vir me dizer: Bom dia!

 

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Não se preocupe em entender o que escrevo. Inventar para mim é conjunção carnal, com muito fogo. Minhas palavras ora têm tapete voador, ora são mentirosas, ora dissimuladas. Poção mágica que uso como tempero. Como ancas grandes, mexem, sem querer, com o pudor das pessoas. Às vezes um advérbio escorre pela folha e cai no precipício. Uso nome inventado para falar sobre o que sinto. Passeio pelos substantivos como se fossem adjetivos, inverto a grafia do dicionário. Brigo com a gramática, rasgo o verbo. E vejo o pronome como se fosse interjeição. No mais, tenho alma prolixa e ouvidos surdos, e minha memória é mais sensível do que eu.

 

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