PARA OS TEUS 15 ANOS

Tempo atrás a amiga pediu para que eu escrevesse  um poema em homenagem à sua filha que completava 15 anos. Guardei-o. Vejam:

PARA OS TEUS 15 ANOS

Eu queria trazer-te uns versos lindos
colhidos no mais íntimo de mim
Embalados em papéis de seda,
vindos perfumados de jasmim.

Pensei em oferecer-te um passeio
em terras outras, longe daqui,
para aproveitares o inverno
na neve, com aprendizado de esqui.

Pensei em comprar-te uma pulseira
e ainda dar-te um vestido branco
mas poderias escolher um amarelo,
como devem ser os trajes de princesa.

Foram tantas dúvidas, tantas procuras,
andanças de loja em loja, desacertos,
Mas não vou desistir de minhas buscas
Minha mocinha merece todas essas lutas.

Comprei, ontem, teu presente, enfim,
um colar lindo, com fios e tramas de ouro
delicados , finos, prendendo pérolas,
custou todo meu tesouro, mas vale, sim.

Cada pérola é um marco de amor
Um marco de tuas primaveras
toda a ternura de teus quinze anos
de teus lindos sonhos e quimeras.Nenhuma descrição de foto disponível.

Tua meninice passou tão rápido
Menina-flor, flor-menina, menina-passarinho.
Parabéns pelo teu aniversário
Que Deus guarde sempre teu caminho.

gracia cantanhede

 

Amanhecendo no Lago Paranoá

A bruma da manhã, quase madrugada, quase dia, surge no Lago Paranoá como véu de noiva.Um véu tocando as nuvens baixas, ao longe. Aragem tímida, querendo ser inverno, corre do leito das águas para a ponte. Passageiro sou no cenário do amanhecer. O mundo parece ser só meu, no silêncio da paisagem. A garça elegante faz pouso na margem verde. Quando suas asas se abrirem para o primeiro voo já será dourado o dia, com lonjuras do vaga-lume e do canto dos urutaus e das seriemas que orquestraram a noite.

gracia cantanhede

 

A imagem pode conter: céu, árvore, atividades ao ar livre e natureza

Para Enzo, com amor

 

Quando a primavera vier, neste 2020 tão tumultuado, fúnebre, as flores enfeitarão os nossos jardins, renovadas, como a esperança. Pois, justamente na próxima primavera, meu neto Enzo virá ao mundo. Chegará depois de longa espera. Não sei se este planeta estará curado da pandemia, também ignoro se os homens estarão mudados, se aprenderam alguma lição com o Covid-19.

Mas quando Enzo chegar, haveremos de abraçá-lo, e o acolheremos com o carinho preparado ao longo desses anos que mudaram a cor dos cabelos de seus avós.

Para Enzo, juramos nos tornar melhor, o amor maduro, calcado no evangelho, na humildade e no amor ao próximo. Queremos ensiná-lo a respeitar o seu semelhante, despojado de preconceitos e de falso moralismo.

Assim como preparamos seu berço, juntamos lições de solidariedade para ofertar-lhe.  Desejamos ensinar-lhe que a Lei do Retorno existe, pois tudo é cíclico e o mundo é redondo.

Queremos que nosso neto olhe para o próximo e o respeite. Que seja ético, sobretudo, e seja generoso, que defenda o direito de quem é vulnerável e estenda a mão para quem está caído, divida o pão com quem não tem e cuide da natureza, pois somos parte dela, assim como Enzo é parte de nós.

Ainda no útero materno, mas já presente em nossas vidas, entramos em comunhão.

 

A imagem pode conter: pessoas sentadas

 

ISOLADA, NÃO ILHADA

Sim. Tenho passado bem por esse período de quarentena. Leio, escrevo, cozinho e cuido das plantas. Gosto de isolamento. A paz que persigo passa por ficar quieta. Mas sei que é impossível viver em brancas nuvens. As redes sociais não deixam. Principalmente para quem se posiciona, não aceita a ignorância, as mentiras, as maldades e a desinformação.

Por mais que em nossa casa, em nossa família, em nosso território estejamos tranquilos, ao ler as postagens ... adeus paz! E preciso das redes sociais. Elas me estimulam a escrever.

Creio que a sociedade está tendo a oportunidade de pensar em mudanças. Individuais ou coletivas, mas é preciso que haja um reboliço para melhorar este planeta.

Penso nas pessoas que estão em situação de risco e não têm como se proteger. Nos moradores de rua, sujeitos à desgraça em qualquer tempo. Não basta estar engajada em algumas campanhas humanitárias. É dever de todos conscientizar os corações egoístas, ensinar que temos a obrigação de ajudar, não só agora. Ajudar é necessário, sempre. Questão de empatia.

Penso também nos cães e gatos, nos animais, em geral, que precisam tanto de nós. Para os bichinhos de estimação a situação é muito ruim. Muitos são maltratados, passam fome, frio, ficam na chuva, padecem de doenças e de abandono. Todo esforço é pouco porque algumas pessoas não entendem esse amor. Não ajudam. Muitos nem cuidam dos seus próprios animais. Infelizmente. Falta sensibilidade.

Precisamos lutar por justiça social e ecológica.

Mas o que esperar desse mal que nos mete tanto medo? Desse vírus tão avassalador? Alguma lição? Deus queira que tenhamos uma sociedade transformada e mais justa, daqui para frente… Já será um avanço. Alguma lição há de ficar.

Gracia Cantanhede

DESOLAÇÂO

Com tantas notícias ruins, com esse cenário de guerra, com essa angústia de esperas, só me resta o desânimo.
Confesso que ando muito cansada, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem.
Não é sono, não é falta de tempo, não é dor física, muito menos depressão. Só vontade de me desligar por alguns segundos.
Vontade de dizer a todos: Vou ali e volto. Me avisem quando vocês acabarem de resolver as pendências do mundo.
Deve existir algum cantinho nesse Brasil em que eu possa repousar sem ouvir o barulho das ruas. Sem que eu tenha pesadelos ou me acorde sobressaltada.
O cenário é tão assustador, preciso de ar fresco, de uma rajada de vento que tudo acalme.
Ou falar como Irene, de Manuel Bandeira:_Licença, seu branco?
Sim. Sei que os caminhos estão limitados:_Licença, minha gente?
Na falta da alegria,vou repetir Clarice: Eu não sou tão triste assim. É que hoje eu estou cansada.

Gracia CantanhedeA imagem pode conter: 6 pessoas, incluindo Augusta Lobo, pessoas sorrindo

Aproveite o domingo para fazer
um balanço da semana
Mas, quer saber mesmo?
Não faça, não, que domingo é dia
de curar ressaca.
Aproveite o domingo prá levantar na hora
em que der na telha
Ou não levante, não! Namore mais um pouco
E faça tudo para não ter fome, que domingo
É dia dos sem horário, sem pressa,
sem agenda, sem nada,
Só prá ficar de papo pro ar.
E nem pense em ficar falando
ao telefone
Nem vire escravo da internet
Se quiser, faça de conta
que saiu do ar.
Aproveite o domingo
Que amanhã é segunda-feira

-Melhor pular a segunda-feira.
-Hein?
– leseira!

BRASÍLIA, PARABÉNS!

 

Seis décadas de uma cidade de alma feminina, ainda desabrochando, despertando em nós os sentimentos de adolescentes apaixonados, súditos de sua beleza e de seu encantamento.

Brasília, meu amor, pelo seu aniversário, trago-lhe uma flor do cerrado. É como se eu lhe desse um livro sobre sua vida! Nas pétalas da caliandra, está a sua saga, o seu enredo. Uma escrita viva, na concha da minha mão, em que melhor se veja o presente, o ontem e o amanhã. A história vibrante, pulsando, de uma bela façanha.

Brasília seca nossas lágrimas. Não pelo clima de agosto, mas pela necessidade de ter olhos limpos em direção ao horizonte.

Em Brasília, somos guiados pela coragem, herança dos primeiros habitantes do Distrito Federal.

Neste abril de 2020, é o sonho que felicito. Um sonho que completa 60 anos.

Brasília é o milagre da realização, da coragem e da força de Juscelino Kubitschek. Museu a céu aberto da mais pura arquitetura de Niemeyer e lugar de surpresas e descobertas inquietantes. As luzes, como fagulhas, iluminam seus eixos e suas avenidas.

Cidade-Jardim que amplia os sentimentos, onde a imensidão permite a ideia do voo. A cidade que emergiu de sonhos. Sonhos de homens reunidos em torno de novas oportunidades. Recado de Deus enviado a São João Bosco com a promessa do céu na Terra. As promessas cumprem-se todas; basta aos homens se voltarem para elas.

A cidade que enfeitiça, pelo fascínio do horizonte. Cidade-Narciso, a única de céu duplicado: as nuvens do firmamento refletem nos espelhos d’água a Capital-Monumento, mais futuro do que passado.

Neste 21 de abril de 2020, do Lago Paranoá ao cerrado e jardins; das tesourinhas ao Eixo Monumental; da Esplanada à Torre de TV; das cidades administrativas ao Palácio da Alvorada, o canto amoroso de seus habitantes faz-se ouvir em coro, em agradecimento à morada da Capital em nossos corações.

Brasília, és um cálice. O que existe dentro de ti me sacia.

Feliz aniversário!

Gracia cantanhede

SOBRE MARI BAIANINHA E A ALEGRIA

 

“Simpatia é Quase Amor” é o nome de um bloco de carnaval, nascido em 1985, em meio à campanha pelas Diretas Já. O bloco desfila em Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro. Suas cores são o amarelo e o lilás, inspiradas no remédio Engov, usado para evitar ressaca. O grito de guerra é “Alô burguesia de Ipanema”.

Simpatia é quase amor, frase bonita, mas comum na boca de muita gente, o que não que a diminui em beleza e conteúdo, de jeito nenhum.

Mas por que falar sobre isso? É que minha alma sensível prescruta além da conta, com jeito mineiro e desconfiado, mas sempre aguçado. Tudo terminado em ado, para ficar assim mesmo, ensimesmado.

Mas quero falar de um assunto que já me fez, outrora, ser contra, falar mal, se é que ainda não voltarei a falar. Vocês sabem, somos mutantes, ainda bem.

Sobre o quê? Sobre BBB, rsrsrsrs. É que tenho visto a garota baiana e sua beleza, sua quase ingenuidade e seu bom humor, que incendeia a tela, quando a focalizam. A moça é linda! E gosto dela. Para falar a verdade, as baianinhas são assim mesmo. Sempre fui tocada pelo jeito baiano de ser. Gosto. Gosto muito dos baianos e da Bahia, ou da Bahia e dos baianos. Uma gente muito interessante, com uma criatividade espantosa.

Os baianos são capazes de tornar qualquer festa mais ou menos ou ruim, em ótima!

Baianos são alegria. E como precisamos desse ingrediente!

Mas vamos ao ponto: Mari, a Mariana, tem o dom de encantar. Se nesses tempos de corana vírus tudo está opaco e feio, Mari nos trás a beleza e a ternura, a vontade de cantar com ela.

Ah Mari, se dependesse do meu voto você ganharia esse BBB. Já fui mais pé quente, e tomara que volte a ser com você. Estou apostando as fichas na sua carinha linda e nesse corpão de deusa.

Vá lá, pode ser que o Babu vença. Mas ter você no final já é um alento , pelo seu sorriso,pela sua empatia.

E o BBB 20 vai passar, tendo você como porta-bandeira, no bloco Simpatia É Quase Amor.

Valeu!

gracia cantanhede

NEM TUDO É VALIDO

Há pessoas que confundem grosseria com sinceridade pelo fato de esquecerem que a sinceridade tem consigo o bom senso, que vai muito além da capacidade de distinguir o certo do errado. Bom senso é o elemento central da conduta ética, é um elemento que está ligado à moral, mas tente colocar isso na cabeça de um tolo e ele dirá que é tolice. A grosseria é abominável em todos os sentidos, além de ser sinal de descontrole emocional.

Gentileza gera gentileza, gera simpatia, amor, carinho, atenção.

A pessoa rude, grosseira, provavelmente não entende que grosseria é apenas um meio de covardes e fracos se relacionarem. Nem vou falar sobre a ignorância, pois esse tema é mais abrangente.

Mas afirmo descartar gente deselegante no trato, não preciso de pessoas sem educação e sem postura condizente com meu modo de vida.

Se alguém prefere falar palavrão para se comunicar, como forma de agressão, por favor, não se considere meu amigo.

A não ser para contar uma piada ou para ser engraçado, prefiro ouvir palavras que elevam e não diminuam ninguém.

Mesmo tentando ser moderno, deixe esse palavrório chulo para sua roda de boteco, entre seus pares certamente você se sentirá mais a vontade.

O modo como tratamos as pessoas diz muito sobre nós.

Estou descartando gente obtusa e mal educada, com muito prazer. Principalmente os que lembram animais que dão coices.

Nos meus tempos de criança, quando crianças ainda brincavam em fazendas no interior, existiam os mata-burros. Para quem não teve o prazer, descrevo: eram intervalos regulares feitos com peças de madeira, no chão, sobre espaços vazios. Tinham como função não permitir que quadrúpedes o atravessassem, uma vez que não possuem coordenação para tanto. Pois bem! Como vivemos hoje num mundo onde tantos bípedes possuem almas de quatro patas, esse título se auto explica… Bem-vindos os que passam!

gracia cantanhede

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM

Golpe baixo, os meninos gritavam para os que, covardemente, agredia-os pelas costas.

Coisa de gentinha, diziam as madames quando as empregadas revelavam seus segredos mal escondidos, para vingança de qualquer ordem.

Fofoqueiras, clamavam as mocinhas de uniforme escolar, ao serem atingidas em sua honra.

Invejosas, sussurrava a Miss.

Gentalha, esganiçavam as mães das crianças ofendidas nas esquinas.

Ralé, gritava a tia do menino de joelho ralado no futebol.

Escória, reclamava o doutor vítima de comentários

desabonadores.

Insignificantes, protestava a vizinha do alto do seu janelão, aos cobradores.

Zé Ruela, bradava o prefeito ao seu adversário.

**

Os anos passaram. As janelas são outras. O politicamente correto até chegou a imperar, no Brasil, por um tempo.

Mas a política piorou. Virou bagunça geral. Depois da roubalhada, veio o imponderável: agressão a qualquer preço.

Voltou, ampliada, a velha e suja politicagem, com escritório instalado em um palácio, para este fim: atacar os que discordam do rei.

Ai de quem se arvora em ter ideias e coragem de assacá-las.

Ao tirar da algibeira uma verdade, pronto! Lá vem a turma do ódio agredir. Agredir só, não! Arrasar com o fulano! Triturar o sicrano.

Mentiras valem ouro! Várias vezes contadas, viram verdade. Os empresários pagam e os pelegos editam.

E remexem o baú das notícias. E chafurdam na lama dos chiqueiros de outrora.

E metam as esporas nos que colocam a cara de fora!

Dá-lhes, filhinhos!

Não se esqueçam: 2022 vem aí! É preciso emporcalhar a vida desses atrevidos! Quanto mais espalharem o terror e a bosta no ventilador, mais o povinho besta acreditará!

Artilharia: fogo!

O grande circo armado na Esplanada dá as ordens, espalhando esterco para todo lado.

Um megafone anuncia a próxima vítima, seja quem for, até o Papa Francisco, coitado, nos seus quase 90 anos.

Chumbo grosso, cascalho, estilingue, merda seca, ovo podre, e internet.

Rede social serve para quê? A derrota do inimigo não pode esperar. Acelerem as metralhadoras. Coloquem a sujeira no ventilador, ou melhor, nos posts. Criem, inventem, aumentem. Mandem brasa nas reputações. Ninguém vai atrás de provas e quando alguém for, a notícia está consagrada. Verdade ou mentira, tanto faz!

Pode ser o que for, até esse tal de coronavírus, ora!

Criem aí um monte de mentiras! Quanto mais cabeludas , melhor! Derrotem o inimigo. E esse Mandetta, que vá para o quinto dos infernos, com seus velhinhos de máscaras, tão oquein?

gracia cantanhede

LIVRAMENTO

Nenhuma descrição de foto disponível.Tenho compromisso agendado com a minha verdadeira identidade. Marquei ano, mês, dia, hora para realizar um desejo antigo: descartar todo peso inútil da minha existência. Isso inclui selecionar amigos, cortar da minha vida pessoas desprovidas de sensibilidade, excluir despesas fúteis, descartar excesso de objetos, compras desnecessárias, perda de tempo em conversas que não levam a nada e parar de tentar agradar quem já demonstrou que não me quer bem de verdade.
Se eu conseguir levar a vida sem tanta seriedade, terei livramento dos sacrifícios feitos em nome da vida social.
Quero ter somente uma direção para seguir adiante: ser eu mesma, inteira.
Com todos os defeitos à mostra, com direito a menos vaidade, sem malícia e somente cultivar uma virtude: a bondade.

gracia cantanhede

EQUÍVOCO

5 palavras e frases que podem transformar a sua vida profissional ...

Não sei, realmente não sei mais o que as palavras querem dizer. Entrei em um túnel errado. Os que conheci há muito, muito tempo, eram diferentes. Havia uma cultura que prometia. Um desejo de crescer em conhecimento e em sabedoria. Esgotou-se o desejo de ser maior, mais sábio, mais profundo. Tenho visto uma neblina encobrindo a visão de muita gente. Só queria saber se aqueles que me inspiraram ainda estão aqui. Onde? Perderam-se no caminho? Tudo agora é rasante, superficial, agressivo. Falta polimento. E falta-me paciência. Vou inventar palavras. As que estão aqui desgastaram-se. Se eu criar um jeito novo de me comunicar é possível que encontre aqueles idealistas, aqueles inspiradores, e possamos conversar. Até lá, falarei sozinha, ou quase. Por isso prefiro falar às estrelas. Elas ENTENDEM A MINHA VOZ.