Escolhera as frutas, umas vermelhas, outras amarelas, as miúdas, escuras, as silvestres, as colhidas no cerrado. Depositara em uma vasilha.
Da mesma forma, um vaso com flores enfeitava a mesa redonda.
Foi em um piscar de olhos que registrou aqueles dias de festa. A casa ensolarada, a grama verde, as árvores com floração renovada. E o silêncio das manhãs.
Acompanhou o entrar e sair das horas, as flores iam perdendo o viço. As frutas murchando. E caiam pétalas.
Na bandeja de frutas o marrom tornou tudo mais escuro.
Moscas pequeninas sobrevoavam o ambiente.
As frutas secas foram encolhendo. Restara apenas massa disforme.
O ano chegara ao fim.
O sol dera lugar às chuvas.
A vida era isso também?
Seria um ensaio? Um grito no escuro?
Apenas transformação.
Gracia Cantanhede
DIA DO LEITOR ( pelo professor e poeta Edson Amaro De Souza)Recomendo: Poesia: “Guerra”, de Guilherme Aniceto e “Gravidade das Xananas”, de Diego Mendes Sousa.História: “As Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano. #Lula2022 também recomenda.Brasil: “O Dever da Esperança: Projeto Nacional de Desenvolvimento”, de #CiroGomes. #Ciro2022Biografia: “Sarney, a Biografia”, de Regina Echeverria e “Chatô, O Rei do Brasil”, de Fernando Morais. Memórias: “Confissões”, de Darcy Ribeiro e “Paula”, de Isabel Allende Diário: “O Observador no Escritório”, de Darcy Ribeiro Ficção: “Tenda dos Milagres”, de Jorge Amado e “Cabra-Cega”, de Gracia Cantanhede.Teatro: “Beijo no Asfalto”, de Nelson RodriguesPara adolescentes: “Minha Vida de Menina”, de Helena MorleyPara crianças: quadrinhos do Armandinho, da Mafalda e de Asterix.
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A cada ano, um pouco de mim
fica pelo caminho
Uns fios a mais de cabelo,
não se contentam em cair
Malvados, ainda precisam
se rebelar contra a cor
Surgem marcas nas mãos,
como tatuagem esquisita
A sombra de uma dor,
parece coisa que grita
A morte de mais amigos,
borra meu álbum de tinta
A cada ano, atrevida,
engano o tempo:
estou viva!
Gracia
Gracia Cantanhede