é importante
o jeito que sorris com os olhos
a forma de me olhar
como se me visses pela primeira vez
a descoberta de que continuas
a prestar atenção em mim
esse erguer de sobrancelhas
selando a nossa cumplicidade
é quase tão bonito como
quando tínhamos vinte anos.
Inerte, só os olhos vagueiam
no fim de tarde, aquela hora triste
em que reina um silêncio estranho
de despedida,
quando o dia envelhece.
Apenas o voo do pássaro assustado
rompe
a tela do ar sem vento,
ou quase isso.
Nenhum barulho que eu ouça.
Nenhum movimento.
Transmudo-me em pingo d`água
que rola solto e
molha o piso
Sou eu, só,
distante,
ausente.
gracia cantanhede